segunda-feira, 14 de novembro de 2011

brain storm

Tenho a manta enrolada aos pés da cama, dezenas de folhas de apontamentos para organizar, a mala para desfazer, sacos com compras para pôr no lugar, e um punhado de posters para colar na parede. Cá dentro, tenho um turbilhão de ideias que não param. Deixo-as passar, e não escolho fixar-me em nenhuma. Foi um dia assim. Meio esquisito. O telemóvel em cima da cama insiste em não tocar, e aquele café que íamos beber hoje à noite está hipotecado. E eu precisava de ir. De sair. De me sentir confortada por dentro, pelo quente de um café ou de um chá, e pela presença das almas que pintam a minha. Não é tristeza, a sério que não. É melancolia, mesmo. Daqueles dias em que só o que se precisa é mesmo de um chá! Já fui de extremos. Euforias e tristezas. E já confundi muitos dias como o de hoje com dias tristes. Olho à minha volta, outra vez. Em dois meses fiz destas quatro paredes um espaço meu. É fantástica a capacidade que temos de nos adaptar às mudanças. As mais pequenas, como um corte de cabelo ou uma casa, custam menos. As maiores, ah! as maiores, essas custam mais! Mas um dia, um dia como hoje, olhamos para dentro (como quem olha à sua volta) e vemos que aquilo que era um pedregulho no sapato, é agora já uma pedrinha pequenina que quase nem sentimos. E é por isto tudo, que está para aqui baralhado e aparentemente sem nexo, que eu gosto de viver! E que não percebo aqueles que não vivem... Para quem não é Feliz, o tempo não chega; parece que tudo corre, tudo foge; e não há tempo a perder, porque perder tempo significa perder coisas, pessoas, sentimentos, ocasiões, e tudo e mais alguma coisa. Para quem é Feliz, como eu, o tempo é vivido ao segundo. Não porque se acabe, ou porque signifique perder mais uma pedra do castelo. Pelo contrário, porque cada segundo é a oportunidade de ganhar mais uma pedra para a construção, de crescer mais um dedo, de aprofundar relações, de continuar a aprender a viver a Felicidade. Portanto, posto isto, não tenho mais argumentos para me convencer a mim própria de que este quarto hoje não fique arrumadinho. Porque, cá por dentro, enquanto os dedos se passeavam pelo teclado, foi-se tudo arrumando nos devidos lugares. E se o telemóvel não tocar e não formos beber café, hei-de beber uma chávena de chá na minha varanda com vista para a cidade. E para mim.

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