Estava hoje a pensar que ainda não me sinto em casa aqui em Lisboa, mas que, pensando bem, também já me sinto ligeiramente deslocado quando volto a casa.
E ocorreu-me que possivelmente daqui a um tempo as pessoas que há uns meses faziam parte do meu dia-a-dia já vão estar habituadas a estar sem mim... E eu sem elas...
Não sei se isso me agrada. Não sei até que ponto isso não significa perder o meu espaço nas suas vidas.
Por outro lado, também sei que a ausência física não é importante comparada com a presença no coração. Não sei até mesmo se a ausência física não aproxima o nosso coraçao dos corações daqueles que deixámos mais longe...
Deixo uma pequena história que se passou comigo no fim de semana e que me fez começar a pensar neste assunto.
No sábado a minha mãe diss-me "Tens que dar a tua chave de casa à tua irmã, porque ela não tem e precisa de uma."
Na altura respondi automaticamente que não; que fizessem uma cópia para a miúda porque a minha chave era minha.
Só mais tarde é que percebi que pareceu que me queriam tirar um pedaço da minha casa, da minha família.... Pareceu-me quase que aquilo que um dia tinha sido "nosso" era agora só "deles"... A casa, sim; mas também a partilha diária, os assuntos, os problemas, os momentos de riso eufórico!
E sinto-me bem aqui, mas há um pedaço de mim com cada uma das pessoas de quem gosto e que não tenho aqui, ao estender o braço...