sexta-feira, 26 de agosto de 2011

JMJ - a primeira parte

A sementeira de Deus é sempre silenciosa, não aparece imediatamente nas estatísticas. (...) E ainda, certamente, muito se perde, não podemos dizer imediatamente: a partir de amanhã recomeça um grande crescimento da Igreja. Deus não age assim. Mas cresce em silêncio e muito. (...) E sobre este crescimento silencioso nós depositamos a confiança e estamos certos, embora as estatísticas não se pronunciem muito, de que a semente do Senhor realmente cresce e, para muitas pessoas, será o início de uma amizade com Deus e os outros, de uma universalidade do pensamento, de uma responsabilidade comum que deveras nos mostra que estes dias dão fruto.

Bento XVI, 18 Agosto, aos jornalistas durante a viagem para Madrid


Podia ter sido uma semana de férias com um punhado de amigos. Podia ter sido uma semaninha com um bom programa cultural, para conhecer uma das capitais da Europa. Podiam ter sido 7 dias de compras, de passeio e de descanso. Podia ter ficado num hotel com piscina, uma cama fofinha numa suite luxuosa com vista para a cidade, um buffet recheado e um spa com massagens e óleos. Podia ter sido uma semana para descobrir os melhores restaurantes, e degustar os melhores pratos. Podiam ter sido noites de barulho e folia, que acabassem só de manhã.

Não foi nada disto.

130 caras, entre as quais muitas eram novas. O ginásio de uma escola, recheado de sacos-cama. Duches de água fria. Calças de ganga e ténis. Uma multidão de jovens, a perder de vista. Uma cidade cheia, mas que ainda assim se deixa conhecer. Um saco de cartão ou de plástico, com um qualquer bocadillo ou uma ensalada. Uma colecção de noites mal dormidas. Umas olheiras até ao queixo. Um metro apinhado, de portugueses, italianos, espanhóis, americanos, britânicos, brasileiros, angolanos, alemães, franceses...

Foi assim que se pintou a JMJ.

Assim, e com a presença de Deus. O mesmo Deus que se faz presente numa qualquer Plaza, como a de Alcalá, numa terça-feira quente, e que nem todos vêem. O mesmo Deus que se faz presente naquela custódia gigante, quando quase tocavam as doze badaladas da meia noite e o cansaço se misturava com a expectativa da noite. O mesmo Deus que nos fala na alegria de quinze mil jovens de verde, e de uma mão cheia de bispos. Este Deus da perseverança, que se mostra na alegria daqueles que esperam o Seu melhor representante. Aquele Deus que, para ser igual a nós, morreu na cruz e nos deixou o exemplo da Sua paixão. O mesmo Deus que se revela no sorriso e na tranquilidade com que o sucessor de Pedro resiste a uma tempestade. Este Deus, capaz de unir um milhão e meio de jovens...


Tenho percebido que não se vive uma JMJ numa semana, nem se compreende algo assim instantaneamente. Trago de Madrid este sentido de responsabilidade comum de que nos fala o Papa. Trago a vontade de ser Cristã à séria. Trago um compromisso renovado com a Igreja. E trago a certeza de que quero fazer este caminho de Santidade. Ainda há muita coisa a bailar aqui dentro. Com silêncio, recolhimento e oração, aparecerão os frutos.

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