segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

E por dentro?

Cheguei agora a Lisboa. Ia mesmo escrever "a casa", mas esta não é "A casa".
Tenho a mala para desfazer, a cama para fazer e uma preguiça doida no corpo! E pior, uma preguiça doida na alma.
Precisava de, para além de arrumar esta feira a que chamo quarto, arrumar estas ideias e estes sentimentos que se vão amontoando sem despacho conveniente...

Puxei a cadeira para junto da janela, liguei o PC e apeteceu-me escrever.
Olho lá para fora e, no meio do frio, vejo as luzes da cidade. Apartamentos, hotéis, candeeiros de rua. Juntam-se de tal modo que, vistos de longe, são quase indistinguíveis.
Mesmo à minha frente, mas muito muito lá ao fundo, está a Árvore de Natal gigante, montada no Parque Eduardo VII. Fixo-me nela. As luzes acendem e apagam. E depois brilham, e depois aparecem umas fitinhas.
E deixo-me estar, quieta.
Penso em mil coisas e em nada.
Há um ano... Que bem que me sabia pensar no futuro. Que bem que me sabia o calor do sol. Que bem que me sabiam as gargalhadas sonantes no meio dos amigos. Que bem que me sabiam os sorrisos abertos. Que bem que me sabiam as paixões assolapadas, que às tantas não eram nada!
Agora penso noutro futuro. É de noite, e não tenho sol (nem sei se ele nasce de manhã). Gargalhadas? Sorrisos? Sim, também há, mas são mais escassos (têm mais valor, diria o meu venerado César das Neves). Paixões assolapadas? Primeiro há que suturar a última ferida (grande, por sinal... mais profunda do que eu própria esperava já de mim).
E às vezes sou como este Natal do consumismo, das árvores e das luzes...
E vivo só por fora.
E sou só show-off.
E por dentro estou a sangrar, mas não quero que ninguém perceba.

1 comentário:

Anónimo disse...

Bem...Mas que grande texto...Escreves muito bem...Parabens!bjx Marta